sobre sorrisos

Instalei um player de música visualmente elegante e bastante leve, é um app bonito, e para testar coloco logo Esteban para tocar e começo a lembrar de coisas enquanto escrevo essa carta, inicialmente não sabia bem sobre o que escrever, até que lembro do principal… Sorrisos. Escolhi começar por eles, porque sempre estive atento ao sorriso das pessoas, mesmo eu sendo alguém que quase não sorri.

O verso final da música que estou ouvindo fala assim “Eu só não queria dizer adeus”, na realidade nenhum de nós quis, mas isso não impediu que acontecesse e logo, eu que fiquei sem ver o sorriso que amava. Não vou dar nomes, não preciso disso. Eu gosto de todos os sorrisos, eles me atraem porque eu não consigo sorrir sem parecer falso, então aqui estou eu, falando do sorriso dos outros, pois sou um amante de sorrisos.

Cada pessoa sorriu de um modo diferente, vi todo tipo de sorrisos, desde o arreganhado cheio de dentes, com uma felicidade quase forçada, até o sorriso triste, enigmático, assimétrico, que preenche educadamente um lado do rosto, enquanto o outro lado está profundamente mergulhado em uma introspectiva sensação de ocultação.

Algumas pessoas dizem que fico bonito sorrindo, mas a verdade é que eu detesto, faço por mera conveniência, uma leve educação, aquele pequeno agrado social que não me arranca pedaço. Entretanto, devido à falta de costume consigo sentir todos os músculos do meu rosto repuxarem e a sensação que tenho é de que sou o mais novo falhaço do botox, daquele tipo em que a pessoa está tão repuxada que se esticar um pouco mais a pele rasga.

Mas ainda assim, foram os sorrisos que me encantaram.

A maioria deles sempre veio fácil demais, e eu nunca desconfiei, jamais pensei que tantos sorrisos fáceis pudessem resultar em lágrimas que aparentemente jamais iriam acabar… E hoje apenas um deles me fascina. Aquele sorriso tímido acompanhado por olhos que se voltam para o chão por receio do ridículo, sim, esses olhos que sorriem me deixam baratinado.

Esses olhos grandes, repletos de luz do sol, olhos de Domingo, de medo e esperança… Olhos sorridentes que nunca mais terei a chance de ver e saber que sorriem por mim. Não me conformo, mas respeito a distância, o “Adeus”… Ao menos vou carregar comigo a luz dos teus olhos, verdes olhos bondosos e também o som da tua voz, a sua risada, o formado do teu rosto, as linhas do teu corpo.

Ao menos nos meus sonhos eu o terei para mim.

Sempre vou amar os sorrisos de Domingo.

Um certo dia de Primavera.
Sexta-feira, 28 de Outubro de 2016.

Afrodite Philomeides.

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